Leitores antes mesmo de nascer
PublishNews - 22/09/2011 - Redação
Projeto piloto do Bebelendo incentiva a leitura
desde a gestação e a primeira infância e já apresenta resultados

Fotógrafo: Divulgação
Bebês embalados por livros e histórias que
os manterão conectados ao hábito da leitura por toda a vida. Esse
estímulo ao contato com as histórias desde a gestação e o nascimento --
assim como a promoção da leitura entre as mães, pais e cuidadores das
crianças -- é o objetivo do programa Bebelendo, inspirado também nas
ações de formação de leitores das Jornadas Literárias, que já faz
experiências práticas.
Desde fevereiro de 2010, o projeto idealizado por Rita de Cássica, à
época professora da Universidade de Passo Fundo e hoje consultora da
Unesco, é aplicado nos municípios gaúchos de Erechim e Tapejara. Hoje,
cerca de 40 pessoas participam do projeto -- gestantes e bebês de
famílias de vulnerabilidade social -- que tem apoio financeiro da Unesco
e conta com aparatos físicos e funcionários da prefeitura dos
municípios. E muitos resultados já estão sendo observados: os bebês que
participaram do programa mostram maior atenção às histórias e interesse
pelos livros, enquanto as mães leem mais e servem como mediadoras não só
com o bebê, mas também com os outros filhos. Agora, a expectativa de
Rita é conferir o resultado na fala dos bebês.
As últimas descobertas da neurociência mostram que de 0 a 3 anos
acontece um importante desenvolvimento cerebral. E que pode haver
mudanças de acordo com os estímulos fornecidos. “Os comportamentos dessa
fase servem de base para a vida toda”, explica Rita. Através do contato
com a leitura e literatura neste período, acredita-se que a criança
também vai ter uma capacidade linguística mais bem desenvolvida: 50% da
capacidade é hereditária, e 50% pode ser influenciada pelo meio. “Então,
se as mães leem mais elas também influenciam na capacidade linguística
do filho.”
O projeto propõe que desde a gestação a mulher participe de
encontros semanais nas bibliotecas municipais. Em um primeiro momento, a
professora Rita explica às mães a importância de estimular a leitura e a
contação de histórias desde a gestação. Então, a partir do sétimo mês,
as gestantes passaram a se encontrar semanalmente com duas mediadoras na
biblioteca para ouvir uma história contada, aprender cantigas de ninar e
parlendas – que devem contar e cantar aos bebês. Aos poucos, são
estimuladas a introduzir as histórias e os livros a eles.
Passado um ano e sete meses de trabalho, os resultados são
animadores. “Observamos claramente que os bebês desenvolveram
comportamentos de leitores. Eles prestam muita atenção quando se contam
histórias, muito mais do que os bebês que não participaram do programa”,
conta Rita. Outras descobertas: o vínculo afetivo entre a mãe e o bebê
ficou mais forte e os pequenos também ficaram mais sensíveis à música e
se movimentam no ritmo dela. Por sua vez, as mães também desenvolveram
comportamentos de leitoras, retirando em média três livros por mês da
biblioteca. “Agora estamos ansiosos para ver os resultados na fala dos
bebês, de como as histórias estimularam a sua capacidade linguística”,
diz Rita.
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