quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

CONTRARIADOS

Por Marciel S. Santos
Frequentemente fazemos planejamento dos nossos dias. Isso é fato!
Acordamos, e até mesmo, já no dia anterior, idealizamos nossas atividades,
nossos afazeres para o dia seguinte ou naquele que acabamos de ser despertados.
Nossos pensamentos nos conduzem a essas atividades de maneira natural, apropriada e até
justas. Cada compromisso, cada realização, cada atitude, por vezes repetidas e outras não realizadas, mas sempre havendo a racionalidade nesse espontâneo processo mental, da alma.
Planejamos em curtíssimo e em longo prazo. Aquela aquisição material, aquele desejo a realizar, aquele encontro, aquele espetáculo da natureza ou à vista da arte humana, planejamos. Os sentimentos, as pessoas a nossa volta, as conquistas, realizações, sonhos possíveis e aparentemente impossíveis.
O primeiro. Há sempre o primeiro. A primeira vitória, a primeira conquista, o primeiro. E o interessante é que fazemos questão de nos relembrarmos desses constantemente, mesmo que se passe algum tempo, elas vêm a mente.
Somos lembrados e incentivados a prosseguir, a buscar a “nossa” felicidade, “o importante é que sejas feliz”, dizem. E planejamos nossa felicidade. E indubitavelmente, ela necessita ser com alguém, pois não há felicidade individual. Não se pode ser feliz só. Isso é impossível. Pode até alguém pensar que sim, mas é uma anomalia, sua forma de racionalizar e assim aceitar essa suposta felicidade. De qualquer forma, não deixa de ser um planejamento.
A procura da felicidade é racional, que muitas vezes se torna irracional, mas até nessa irracionalidade há o planejamento, mesmo que fora dos padrões e conexões aceitas e compreendidas. E provavelmente, aqui está o ponto, essa irracionalidade, como se comprovam no desenrolar dos fatos, nas análises posteriores, que o planejamento inicial, de alguma maneira, saiu do controle.
A cada manhã sabemos o que devemos e iremos realizar. Dentro das 24 horas que disponibilizamos temos, por incrível que pareça ou não, exatamente a noção das potencialidades de realizações de nossas intencionalidades. Mas quando algo ocorre, o inesperado, a surpresa, o imponderável, o não planejado, implica no contrariado.
Ora, o planejamento é pela felicidade e se algo ocorre no sentido de interrompêlo, atrapalhá-lo, nos contrariamos. Contrariamos-nos com qualquer cousa que até mesmo não nos pareça desagradável no momento, mas que não estava nos nossos planos.
Não podemos planejar os detalhes, somente o esboço geral. Pessoas que são atentas aos mínimos detalhes de suas vidas não são normais. Não é possível dominar o que não é dominável aos recursos humano. Devemos aceitar o inesperado, pois quanto mais tentamos dominar mais nos sentimos contrariados.
Aquilo que não temos domínio é provavelmente dominado por algo maior. E se é algo maior é superior a nós mesmos. E sendo superior e ainda não nos destruiu é porque deseja nos ensinar algo, nos deixar aperceber de algo. É preciso parar e tentar sintonizar no superior. As leis físicas estão por ai, regidas pela eventualidade probabilística das incertezas, dualidades e simetrias. E com se trata de leis, há racionalidade nelas, não elaboradas por nossas mentes limitadas, apenas descobertas. O tempo não pára, mas o tic-tac do relógio pode parar. Mas ficamos contrariados por isso.
Faça sol ou faça chuva nos contrariamos porque desejamos dominar o não dominável. Todas as cousas, fatos, acontecimentos cooperam para o bem daqueles que estão atento ao maior, ao superior, Aquele que tem o domínio de todas as cousas.

CONTRARIADOS